“É preciso responder com dignidade às necessidades do país”.
Catarina Martins falou sobre as consequências da aplicação do Tratado Orçamental (TO) e sobre “para o que serve e o que tem feito a austeridade”.Lamentando que PS, PSD e CDS-PP tenham “feito questão de que Portugal fosse o primeiro país a ratificar este tratado”, a dirigente bloquista referiu que o TO diz que o Estado português tem de cortar por ano o equivalente ao que gasta em Educação nesses 12 meses e isto durante um período de vinte anos. A porta-voz do Bloco lembrou ainda que o país que não cumprir as obrigações previstas no TO fica sujeito a medidas macroeconómicas impostas pela Comissão Europeia.
“A cada ano que passar, há sempre alguém que tem o poder de dizer ao país que só pode escolher entre cortar ou cortar muito, privatizar ou privatizar muito, desregular ou desregular muito”, frisou.
Segundo Catarina Martins, a austeridade é sinónimo de “destruição dos direitos sociais, laborais e ambientais”, de “ataque às conquistas da democracia”, de privatizações, impedindo o país de mandar nos seus setores estratégicos, e limitando a democracia, de “sangria da finança sobre o país”.
“Não é preciso ser bloquista para perceber que o país está pior. Basta não ser fanático da austeridade”
A dirigente bloquista Joana Mortágua, lembrou, por sua vez, as declarações de João Miguel Tavares, um “conhecido e assumido liberal de direita”, que afirmou que “é preciso ser um fanático do Bloco de Esquerda para achar que o país não está melhor”.
“Quero agradecer a João Miguel Tavares ter-nos elucidado de que temos um país cheio de fanáticos do Bloco de Esquerda como Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, Alfredo Barroso, João Cravinho”, ironizou Joana Mortágua, sublinhando que “se há consenso na sociedade portuguesa, da direita à esquerda, é o de que as políticas dos últimos anos nos fizeram recuar décadas”.
“E se o governo insiste na narrativa de que estamos no bom caminho é porque no Conselho de Ministros as bocas falam português mas as cabeças pensam em alemão. Mesmo que este seja o país que eles estão a ver, é com os olhos das instituições europeias e dos mercados financeiros que eles olham para o país”, avançou.
“Não é preciso ser bloquista para perceber que o país está pior. Basta não ser fanático da austeridade”, defendeu Joana Mortágua.
Referindo-se à vitória do governo de Alexis Tsipras na Grécia, a dirigente bloquista afirmou que o “problema durante demasiado tempo foi ser sempre 19 a 0 até que o povo grego fez o 18 a 1”.
Afirmando que o Syriza “pôs a equipa em campo” e que a “entrada de Varoufakis no Eurogrupo de cabeça levantada abriu um campo de possibilidades e fez tremer todo o sistema”, Joana Mortágua frisou que “já não são 19 instrumentos a tocar em uníssono”.
“Há um governo que desafina, que desafia, que desobedece à batuta e ao tom da Alemanha”, acrescentou.
“Isto já não é vigilância, isto é perseguição!”
O dirigente bloquista Adelino Fortunato, referindo-se ao facto de a Comissão Europeia ter anunciado que Portugal está sobre vigilância reforçada por “desequilíbrios excessivos”, salientou que “isto já não é vigilância, isto é perseguição!”.
Lembrando que as políticas de austeridade apenas se têm traduzido em mais endividamento e maiores desequilíbrios, Adelino Fortunato defendeu que é preciso “sair do circulo vicioso em que vivemos”, o que implica reestruturar a dívida, relançar a economia e repor salários e pensões, invertendo a política do país.
“A alternativa é a resistência e a luta com audácia”, defendeu, apontando como exemplo o caso grego.
Mariana Aiveca lembrou que os bloquistas agendaram para dia 6 de março a discussão de um conjunto de propostas sobre a matéria, Mariana Aiveca pronunciou-se sobre o compromisso do Bloco no combate à corrupção, que constitui “um ataque à democracia, ao Estado, a cada um e cada uma de nós”.
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