MOÇÃO
8 de Março, Dia Internacional da Mulher
Esta moção resulta do desejo de se quebrar a onda de relativismo e banalização que se vai assistindo em relação a esta comemoração, pela ignara diversão consumista que tem vindo a distanciar esta data onde se vem multiplicando eventos desfasados da real memória histórica, cujos objetivos ainda hoje estão perenes.
Todos devemos de ficar tristes e preocupados quando observamos que em entrevistas nas TVs surgem "socialites" em grandes banquetes, dança e espetáculos de strip-tease -desconhecendo que as operárias da Fábrica da Triangle Shirtwaist em Nova Yorque fizeram greve em 1909 porque trabalhavam 14 horas por dia e recebiam 6 dólares por semana, que pelas más condições de trabalho e insegurança do edifício, em 25 de Março de 1911 faleceram 146 costureiras das 600 trabalhadoras daquela empresa, vítimas de um incêndio onde não tiveram acesso para fugir.
É confrangedor observar aquela gente festeira a encolher os ombros e a sorrir sem saberem o "preço que a liberdade e os direitos custaram".
É importante dar a conhecer quem foi Clara Zetkin que em 1910 organizou a I Conferência Mundial das mulheres em Copenhaga. Embrião de muitos movimentos e lutas em diversos países da europa pelos direitos e emancipação das mulheres; é importante saber que foi a feminista Aklexandra Kollontai que fundou em Oslo o movimento que organizou as manifestações de mulheres em Moscovo e Petrogrado contra a guerra em 8 de Março de 1917, manifestações ferozmente reprimidas pelos esbirros à ordem do Czar Nicolau II e do governo de Kerenski.
Pela defesa da liberdade e das conquistas civilizacionais - não é promissor para o futuro observar-se à crescente insensibilidade, quando as atuais relações sociais dependem de direitos garantidos que foram duramente conquistados.
Em Portugal o Dia da Mulher também tem a marca e a influência internacional. Foi assim que surgiu a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas em 1907 fundada por Ana Castro Osório, como muitas outras organizações que acabaram reprimidas no período da ditadura onde se destacaram Maria Lamas, Florbela Espanca, Sofia Pomba Guerra, Natália Correia, Catarina Eufémia, Maria Barroso, Virgínia Moura, Georgete Ferreira e tantas outras que encheriam páginas, cujas vidas pela luta que travaram determinaram a evolução das relações sociais, em tudo inseparáveis da conquista dos seus direitos.
Mediante o exposto, consideramos:
- Ser importante que neste dia haja espaço para a confraternização, debate e reflexão sobre o que fundamenta a existência do Dia Internacional da Mulher;
- Exigir dos órgãos de Comunicação Social, nomeadamente públicos, a divulgação de registos históricos que ao longo de gerações mantiveram a luta pela emancipação das mulheres, pois ainda hoje, em diferentes parâmetros na maior parte dos países o preconceito racial, sexual, politico, cultural e económico permanece na sociedade;
- Saudar todas as activistas de Portugal e do Mundo, que mantêm viva pela acção permanente, a luta pela dignificação do trabalho e pela emancipação da mulher.
Viva a luta das mulheres pela consolidação dos direitos já conquistados
Viva a luta das mulheres pela igualdade nas carreiras profissionais e no salario
Viva o dia internacional da mulher
Assembleia Municipal da Moita, 23 de Fevereiro de 2018
Os eleitos na Assembleia Municipal da Moita pelo Bloco de Esquerda