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Corte nas pensões altera regras do jogo após uma vida de descontos

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, anunciou no domingo que a "condição de recurso" para as pensões de sobrevivência será prestada por quem receba pensões acima de 2.000 euros, numa conferência de imprensa realizada enquanto ainda decorria a reunião extraordinária do Conselho de Ministros, ladeado pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e pelo ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares.

“Há uma semana o país assistiu a uma encenação de Paulo Portas e de Maria Luís Albuquerque, que disseram que não haveria mais austeridade. Hoje, vimos, pela voz de Paulo Portas e de Maria Luís Albuquerque, com ar circunspecto, que afinal há mais austeridade e afinal vão mesmo cortar nas pensões”, disse a bloquista à Lusa.

Para Mariana Aiveca, “fica claro que Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque mentiram quando fizeram essa primeira encenação”, numa alusão à conferência de imprensa a propósito das avaliações da troika, quando a ministra afirmou que o Governo não acordou com a troika “quaisquer medidas de contingência” para 2014.

Segundo a deputada bloquista, os “cortes são em pensões do regime contributivo”, que “alteram as regras do jogo, que na prática até já acabou, porque os pensionistas levaram uma vida inteira a descontar para que as suas famílias tivessem esta pensão”.

“São os mesmos pensionistas que já viram as suas rendas aumentarem, que já viram o corte nas suas pensões, que estão a ver a sua vida a ficar impossível, e é um contrato que se rompe ao fim de uma vida inteira de trabalho e com as expectativas que essas famílias deixaram para as suas famílias”, afirmou Mariana Aiveca.

Sublinhando que falta ainda compreender as contas e quem vai ser abrangido pela “condição de recurso”, a deputada do Bloco referiu que “este Governo continua sem qualquer credibilidade, até porque a Segurança Social neste momento não tem um saldo negativo”.

“O que acertaram com a troika é mais austeridade e é essa mentira que têm dificuldade em sustentar”, disse Mariana Aiveca.

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